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Comunicação passivo-agressiva: saiba como identificá-la e como lidar


Sabe aquela ironia excessiva, aquela crítica que parece construtiva, mas na verdade faz você se sentir mal? E aquela pessoa que diz estar tudo bem entre vocês e, na primeira oportunidade, lança uma indireta ou dá um jeito de lhe prejudicar?


Certamente, você já se deparou com situações semelhantes e já ouviu também: “estou falando para seu bem”, ou recebeu monossílabos como respostas. Sinal de alerta para a comunicação passivo-agressiva ativado com sucesso. O que fazer, então?


Venha conosco, que vamos lhe ajudar a identificar esse padrão e a lidar com ele.


Entenda o que é a comunicação passivo-agressiva


Em geral, entendemos a passividade e a agressividade como conceitos contrários, não é mesmo? Na comunicação passivo-agressiva, eles andam juntos. Isso porque acontece a expressão passiva de um sentimento ou opinião que é agressiva.


Por exemplo, quando uma pessoa diz ter desculpado a outra — sem, de fato, ter desculpado — apela para o famoso ghosting, muda a forma de tratar o outro e, quando questionada sobre seu desconforto, o nega.


Atualmente, profissionais e cientistas da área o entendem como um traço de personalidade do indivíduo e, consequentemente, da sua maneira de se comunicar. Logo, essa característica tende a fazer parte dos relacionamentos da pessoa, com a família, com os amigos, no ambiente de trabalho, entre outros contextos.


E por que a pessoa adota esse perfil?


Nem sempre se trata de uma atitude intencional. Há diversos fatores que levam à comunicação passivo-agressiva, como:

  • crença de que não pode ou não deve externalizar emoções e opiniões negativas (embora seja comum adotar uma postura mais pessimista);

  • receio de criar um clima ruim ou de ferir a outra pessoa ao discordar (quando, na verdade, é o oposto);

  • falta de coragem ou insegurança para lidar com as próprias emoções, sobretudo as negativas;

  • insegurança em se posicionar frente a um líder ou autoridade;

  • comportamento manipulador;

  • características da educação familiar recebida;

  • certo prazer em irritar ou constranger outras pessoas.


Conheça os sinais de uma comunicação passivo-agressiva


Para você identificar com nitidez a passivo-agressividade na comunicação, vamos mostrar exemplos de comportamentos e falas comuns de quem tem esse traço. Veja, a seguir.


Dissimulação da raiva


Um dos principais traços da comunicação passivo-agressiva é a dissimulação da raiva e da insatisfação. Por mais que a pessoa esteja incomodada, ela afirma não estar. Você pede desculpas, ela aceita apenas no discurso e fica remoendo aquela sensação até ter a oportunidade de descontar de forma velada.


Exemplo: este vídeo do Porta dos Fundos, embora exagerado, ilustra com humor essa situação.


Elogio que não é elogio


Essa característica chega a ser cruel e faz parte da manifestação velada de preconceitos, sendo um dos recursos dos sistemas de opressão presentes na sociedade, como o racismo e a homofobia. É aquele elogio que parece inofensivo e traz sempre uma crítica destrutiva em segundo plano.


Exemplos:


  • “Você tem um rosto bonito, agora é só emagrecer pra ficar linda”. Repare que o elogio ao rosto vem seguido da desvalorização do corpo da interlocutora.

  • “Fulano pode até chegar atrasado todos os dias, mas olha como ele é rápido para resolver essa tarefa”. A intenção é exaltar, porém com sutileza, o erro do colega.

  • “Nunca pensei que você seria capaz de entregar um trabalho tão bom. Me surpreendeu totalmente”. Ora, por que a pessoa em questão não seria capaz?


Indícios velados, mas perceptíveis


Como já conversamos por aqui, a comunicação vai muito além da fala, certo? Por mais que o indivíduo com personalidade passivo-agressiva negue o incômodo, ele vai fazer todos ao redor saberem que algo não está bem com ele.


Atitudes comuns são:

  • bater portas, jogar objetos, fechar gavetas com força;

  • ficar de cara feia ou chorar e, quando perguntado, dizer que não é nada;

  • responder de forma vaga, com meias palavras ou os conhecidos “aham, ok, tá, não sei”, e por aí vai;

  • resmungar.


Em paralelo a essas atitudes, vem ainda a “exigência” de que as pessoas descubram o que ela está sentindo. Ela não se pronuncia com clareza e espera que “adivinhem”, porque entende que todos deveriam perceber o que ela sente.


Sumiço sem explicações


Dar um perdido, ou o atual ghosting, também caracteriza a comunicação passivo-agressiva. Após uma discussão, um feedback negativo, por exemplo, você receberá um gelo. A pessoa vai sumir e, por mais que você tente uma aproximação, ela vai ficar afastada — pelo menos, por determinado tempo. Isso é uma espécie de punição.


Muito cuidado, pois, nesse tipo de conduta, há também boas doses de manipulação, as quais podem virar o jogo e fazer você se sentir culpado, sem razões para isso.


Excesso de ironia


Nem todo mundo usa ironia de forma brilhante como Machado de Assis. O passivo-agressivo mesmo o utiliza como escudo, para proteger o que realmente sente. E será com ironia e algum sarcasmo que ele vai responder quando estiver camuflando a raiva. Preste atenção na linguagem dessas pessoas, a fim de entender onde você está pisando.


E mais…


Além do que explicamos acima, são indícios de uma comunicação passivo-agressiva:

  • afirmações indiretas;

  • não falar diretamente, mas por enigmas e indiretas;

  • fofoca “inofensiva”;

  • vitimização;

  • falta de responsabilidade afetiva;

  • dificuldade em se responsabilizar por seus atos.


Aprenda a lidar com esse perfil comunicativo


Agora que você já viu como identificar a comunicação passivo-agressiva, vamos compartilhar algumas dicas para que não caia no jogo e saiba conviver da melhor maneira possível com pessoas que têm esse fator em sua personalidade.


Treine sua escuta e sua assertividade


A pessoa que usa a comunicação passivo-agressiva tem dificuldades em expressar suas insatisfações ou opiniões que, no entendimento dela, podem gerar confronto. Então, você precisa ajustar sua linguagem com ela.


Treine a sua escuta, faça perguntas de forma sutil e procure entender melhor o que essa pessoa, de fato, quer comunicar. Ao ser assertivo, você facilita as conversas e a convivência.


Fortaleça sua inteligência emocional


Mais uma vez, estamos voltando o foco para você, com a mesma lógica do tópico anterior: se a pessoa não consegue lidar com as emoções, você precisa saber gerenciar as suas, para evitar problemas maiores — principalmente, se você estiver num lugar de liderança ou referência de um grupo.


Além do mais, aprimorar a inteligência emocional é um benefício para você também, que passará a dominar mais uma soft skill imprescindível.


Filtre o que o passivo-agressivo disser a você


Na maioria das vezes, a comunicação passivo-agressiva expressa uma raiva reprimida por meio de atitudes que são como vinganças. Assim, é possível perceber certo esforço para deixar a outra pessoa constrangida, diminuída e com aquela dúvida: “será que eu fiz alguma coisa?”.


Em pequenas doses diárias, o estrago pode ser grande em médio e longo prazo. Portanto, ao perceber que convive com um passivo-agressivo, fique sempre atento e consciente para que os comentários e a falsa gentileza não firam você. Lembre-se sempre da sua essência, do seu potencial e de que essa condição de passivo-agressividade é dela, e não sua.


E se eu for passivo-agressivo, o que fazer?


É importante termos em mente que todos nós, em determinado momento e em alguma medida, podemos adotar uma comunicação passivo-agressiva. Isso está dentro da normalidade. O que precisamos fazer é prestar atenção a esses comportamentos e, de maneira consciente, buscar os ajustes necessários.


Por outro lado, se você notou que esse é seu padrão de comunicação, é necessário tomar medidas a fim de lidar com a passivo-agressividade da melhor forma. Assim, evitará desgastes para si e para os outros.


Nesses casos, é recomendado procurar suporte na psicoterapia, com o intuito de compreender as origens desse comportamento e de tratar suas emoções de modo adequado. Em paralelo, é interessante desenvolver a autoconfiança e aprender a se comunicar de maneira autêntica e assertiva. E, ainda, praticar a comunicação não violenta, que torna suas interações mais tranquilas e efetivas.


Com o tempo, a comunicação passivo-agressiva é muito prejudicial para as relações em todos os âmbitos. Ela pode adoecer um casamento, fazer com que a família se sinta sempre tensa ao precisar tratar de um tema difícil, magoar amigos, entre outros danos. No meio corporativo, costuma comprometer o ambiente de trabalho, “azedar” a equipe e gerar prejuízos a todos, inclusive a quem tem esse comportamento, uma vez que elimina as possibilidades de melhora para si mesmo e está sempre insatisfeito.


Notou que há pessoas com esse perfil na sua equipe? Que tal estimulá-las a aprender e desenvolver as habilidades de comunicação? Conte com a 2um nesse processo e prepare-se para comemorar os resultados.




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